Todos nós temos em nossa natureza a construção constante de laços afetivos. Além de serem prazerosos e benéficos para a saúde mental, criados de maneira instintiva, eles são úteis tanto para nós quanto para os demais.
Para um bebê, esses vínculos ocorrem para sua sobrevivência, pois esse apego a outro indivíduo está associado a uma sensação de conforto e proteção. Identificando isso, o psicanalista John Bowlby (1907-1990) desenvolveu a Teoria do Apego.
A diferença entre apego e comportamentos de apego está na intensidade do laço formado. Um vínculo de afeição duradouro é restrito a poucas pessoas enquanto o comportamento de apego pode ser mostrado a diversos indivíduos.
A criança tem um período crítico em que precisa receber cuidados consistentes de um único indivíduo, sendo este entre os seis meses a dois anos de idade.
Porém, na atualidade, essa hipótese pode ser altamente questionada, já que muitos pais deixam os filhos em creches ou sob os cuidados de familiares para trabalhar. Muitos da nossa geração foram criadas nesse cenário e, nem por isso, apresentaram comportamentos atípicos.
Para garantir que esse retorno de licença paternidade/maternidade seja mais suave e equilibrado para pais e filhos, trouxemos algumas dicas especiais:
1. Reduza o contato aos poucos:
Sair da rotina de cuidar em tempo integral do seu filho direto para a sua mesa de trabalho não é nada fácil. Se essa transição não for cuidadosamente organizada e planejada, pode causar sofrimento e muita ansiedade.
Tente ir ao escritório de vez em quando, ou mantenha contato por telefone/e-mail um pouco antes da data de retornar definitivamente ao trabalho. Se isso não for possível, faça a transição gradual dos cuidados para a pessoa que ficará com seu filho na sua ausência entre 20 e 30 dias antes do retorno. Comece com 30 minutos diários e vá evoluindo. Assim, você e seu filho se sentirão muito mais seguros e preparados para a mudança.
2. Pense na escolha da babá ou creche
Se for contratar uma babá, faça uma seleção de currículos com antecedência. Busque contato com o máximo de famílias que trabalharam com essa pessoa e entreviste-a pessoalmente. Se a escolha for uma creche, verifique a reputação da instituição e colha o máximo de indicações e referências além, é claro, de ir ao local para conhecer o espaço e os profissionais envolvidos.
O importante é que os pais se sintam seguros com a escolha, afinal de contas,
a qualidade do laço entre a criança e o cuidador, como a presença dos pais na vida dos filhos, influencia diretamente no modelo interno de funcionamento emocional da criança e adulto que virá a ser.
3. Planejamento alimentar do bebê
O retorno ao trabalho exige uma organização antecipada da rotina alimentar de seu filho.
Com a orientação do pediatra e/ou nutricionista, avalie a possibilidade de uma introdução alimentar por volta de 15 dias antes do retorno. Caso a criança ainda esteja em amamentação exclusiva, extraia o leite previamente com a bombinha ou ofereça mamadeiras com fórmula infantil durante o dia.
De qualquer forma, é importante testar essa nova rotina algumas semanas antes da volta ao trabalho para ter certeza de que o bebê se adaptará à nova alimentação.
4. A rotina do sono
A rotina do sono é uma das que mais sofre alterações com a volta dos pais ao trabalho. Porém, é muito importante buscar regularizá-la. Tente começar a dormir um pouco mais — e na hora certa — antes do retorno. Combine com o seu parceiro ou quem estiver te ajudando para assumir o turno da noite e tente ficar na cama por, pelo menos, 7 horas seguidas. Use métodos de meditação e respiração para que você consiga equilibrar suas emoções e relaxar antes de dormir.
5. Tecnologia a seu favor
Estar longe fisicamente não significa estar alheio ao que ocorre com seu filho enquanto está no trabalho.
Nos intervalos, utilize a tecnologia a seu favor: peça fotos ou faça vídeo chamadas com a pessoa que está responsável pelos cuidados do seu filho enquanto trabalha.
Assim você fica sabendo do dia do seu filho e ainda diminui a saudade!
O retorno ao trabalho, se feito com afeto, organização e equilíbrio entre família e empresa, fará com que o seu pequeno se sinta seguro e não sofra prejuízos no seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional.
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